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O Facebook interrompeu a veiculação de anúncios políticos, desafiando as autoridades a avançarem com a regulamentação.

Na terça-feira, o Facebook bloqueou os pesquisadores da Universidade de Nova York que estavam estudando anúncios políticos e desinformação sobre COVID-19, ao desativar suas contas pessoais, páginas, aplicativos e acesso à plataforma. Essa medida foi tomada para impedir que o Observatório de Anúncios da NYU utilizasse um plugin de navegador desenvolvido em 2020 para coletar informações sobre os anúncios políticos exibidos aos usuários do Facebook.

O Facebook alega ter bloqueado o Observatório de Anúncios devido a pesquisadores da NYU terem infringido os termos de serviço ao coletar dados de usuários sem autorização. No entanto, os acadêmicos responsáveis pelo Observatório de Anúncios afirmam que obtiveram permissão de todos os usuários que utilizam sua extensão de navegador. Eles argumentam que a tentativa do Facebook de interromper sua pesquisa está relacionada a um esforço da plataforma para evitar que os acadêmicos revelem questões problemáticas.

“O Facebook encerrou todas as atividades ao suspender nossas contas”, afirmou Laura Edelson, pesquisadora da NYU, que teve sua conta pessoal proibida no projeto, em um tweet de 3 de agosto.

O Facebook limitou o acesso de diversos pesquisadores e jornalistas que utilizavam os dados da plataforma, incluindo projetos como a análise da desinformação sobre vacinas. Essas informações são consideradas fundamentais para promover uma internet e uma democracia saudáveis.

Após o incidente envolvendo a Analytica de Cambridge, é compreensível que o Facebook esteja preocupado com terceiros acessando dados de sua plataforma. No entanto, o Facebook sugeriu inicialmente que bloqueou o Observatório Ad devido a um acordo de consentimento com a Comissão Federal do Comércio (FTC), o que não corresponde à verdade.

De acordo com Joe Osborne, porta-voz do Facebook, as ações tomadas contra os pesquisadores da NYU não foram motivadas pelo decreto de consentimento em si. Ele explicou que o decreto exigia que o Facebook estabelecesse regras para um programa de privacidade, as quais os pesquisadores violaram. A FTC reconheceu a resposta do Facebook em uma carta a Mark Zuckerberg, porém Samuel Levine, diretor de atuação, destacou que a explicação revisada não altera significativamente a situação.

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“Se tivesse entrado em contato conosco com antecedência, teríamos indicado que o decreto de consentimento não impede o Facebook de fazer exceções para pesquisas de boa fé no interesse público”, explicou Levine. O FTC apóia esforços para esclarecer práticas comerciais opacas, especialmente relacionadas à publicidade baseada em vigilância. Embora não tenhamos o papel de resolver disputas entre o Facebook e terceiros, esperamos que a empresa não esteja usando a privacidade, muito menos a ordem de consentimento do FTC, como desculpa para perseguir outros objetivos.”

O Facebook parece estar protegido por um acordo de consentimento que não é eficaz nesta situação. No entanto, tanto o Facebook como o Observatório NYU Ad têm poucas opções disponíveis no momento, pois não há motivos convincentes para que tomem uma posição contrária.

Esta situação está desafiando as autoridades dos EUA a finalmente avançarem na regulamentação. De acordo com Casey Newton do The Verge, uma abordagem eficaz para incentivar a cooperação entre grandes empresas de tecnologia e pesquisadores é que o congresso estabeleça legislação de privacidade com um segmento dedicado aos acadêmicos, e uma agência responsável por supervisionar tanto a pesquisa quanto as plataformas online.

Alguns políticos compartilham dessa opinião. O Senador Mark Warner, do partido democrata e representante da Virgínia, instou o Congresso a tomar medidas para aumentar a transparência no âmbito da publicidade online, conforme reportado pela NPR. Já o Senador Ron Wyden, democrata do Oregon, criticou o Facebook por considerar a alegação de que a ferramenta da NYU poderia ter violado a lei de privacidade como uma desculpa inválida.

No entanto, é importante ressaltar que declarações públicas não têm o mesmo peso que leis ou regulamentos. Ramya Krishnan, advogado do Instituto Knight First Alter da Universidade de Columbia, afirmou à NPR que a situação atual – com o Facebook bloqueando pesquisadores da NYU e os acadêmicos sem recursos reais – demonstra a necessidade de os legisladores tomarem medidas.

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“A organização atua como um filtro para o jornalismo e estudos sobre o funcionamento da plataforma e o efeito dela na sociedade. Achamos que essa situação não pode continuar”, afirmou. “É crucial que o público seja informado e compreenda as consequências do Facebook para o debate público e a democracia.”

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